Minha Querida Didinha…
não sei se no dia oito de Setembro,
chovia ou fazia sol...
...não importa!
...sei apenas que nasceste
e
que nessa época despertaste em mim
terríveis ciúmes.
bisneta única,
neta única,
filha única,
sobrinha única
...comecei pela primeira vez
a conjugar o verbo dividir.
é verdade...
partilhei...
os mimos que eram só meus...
os colos doces...
as prendas que eram só para mim...
....................
...o Amor.
nesse momento não entendi a importância da tua chegada,
(como estava enganada!...)
...não!!!
porque não tivesse sido preparada,
para o bébé que iria chegar...
...andava muito entusiasmada,
.................................
...mas...
porque também não nasceste menino...
para comigo jogar à bola,
correr pelos parques
e
trepar às árvores.
...até escolhi um nome para ti...
Hilário Ferreira,
o nome de quem gostava muito
e
que era um velho conhecido da família.
hoje quando nisso penso até me arrepio...
que nome “feiinho”,
para uma menina tão linda!
...mas voltemos ao ontem...
...........................
o menino nasceu menina
e
a todas as horas ecoava pelo Pavilhão
........................”...que linda menina!”
...mais tarde
chegada a casa..
o eco soava ainda mais alto...
“...que menina tão linda!”.
essas expressões apagavam do meu rostinho... os meus sorrisos.
e
...corria para o jardim...
procurando o meu consolo...
...........................
................os gatos...
a quem cortava os bigodes.
pobres!
Foram eles as vítimas da “traição”...
que me tinha sido imposta.
...na verdade foi horrível o meu crime
e
ainda actualmente
...peno...
e
...desespero...
por tais atrocidades cometidas!
a Didinha foi crescendo
...e...
sofrendo...
...uma chupeta que desaparecia,
as voltas e “reviravoltas” ao bercinho,
um dedito “espetado” em seus olhinhos
alguns “tautaus” pequeninos...
e
quantas vezes “papagaiada” a expressão...
...................“...a menina é feia!”.
o tempo,
...senhor dos anos...
...meses
...dias
...horas
...minutos
e
...segundos
tudo alterou!
com o passar dos anos,
ninguém na rua se atrevia a pôr a mão num cabelo da menina...
pois
... a corsária
...a líder
...a maria-rapaz... a quem todos obedeciam
tinha decretado uma lei.
a menina passou a ser considerada um tesouro...
(salvo alguns “atropelamentos” próprios das discórdias entre manas).
porém...
eras...
tão boazinha,
tão querida,
tão pacífica,
tão terna e serena...
que até me causava mal estar
algumas das maldades
...que te pregava.
a vida foi-se construindo e tomámos os nossos rumos...
depressa passámos das carteiras da escola primária
...ao fim da faculdade.
os anos iam passando,
a nossa amizade acontecendo... como maré que sobe sem nunca esvaziar.
aproximámos,
unimo-nos,
... “geminámos”.
...quero-te e amo-te da forma mais bonita que algum dia poderia imaginar.
mulher te fizeste
e
o teu amor pelos outros cresceu,
a tua solidariedade aumentou,
o teu espírito de partilha fortaleceu-se,
a tua compreensão intensificou-se,
a tua bondade elevou-se
...e...
a simplicidade,
a verdade,
a honestidade,
a rectidão
e
a clareza
tornaram-se teus predicados imperativos.
a minha Didinha é uma das maiores riquezas que eu guardo no meu baú...
junto ao arco-íris,
ao sol,
à lua,
às estrelas,
às flores,
aos perfumes,
ao néctar
e
...às palavras que nele guardo.
Parabéns Didinha pelo teu aniversário... adoro-te!
létinha 8 de setembro de 2005